Síndromes

Estive reparando outro dia.
É crescente o número de orkuteiros sofrendo da Síndrome do Scrap Apagado. De alguns meses para cá, existe uma campanha quase que velada, uma sociedade secreta, que apaga seus recados. Por que? Muito simples. Querem preservar sua intimidade, privacidade, seja lá o que for. Um slogan - "scrap lido, scrap apagado"- parece se reproduzir feito miserável na África. Tem gente perdendo dias para apagar 764823768472 recados. E o que me deixa curiosa, além de querer saber o que havia ali naquele espaço deletado, é compreender por que também não apagam as fotos do avatar, dos seus álbuns. Por que não suprimir seus dados pessoais, seus gostos, seu estado civil, sua idade, seus filmes e livros preferidos? Por que não arrancar seus testemunhos, depoimentos que em sua maioria serve para enaltecer este ou aquele usuário? Por que não apagar os 654 amigos? Ou mesmo por que não cometer orkuticídio? (Diga-se de passagem, tb foi moda entre descolados e intelectualóides da Zona Sul, que se acham ou se vendem como formadores de opinião).

Se querem manter privacidade, por que deixam o MSN ou o E-mail na capa da página? Por que mandam recado para os outros? Por que não vão embora simplesmente e param de sofrer achando que são celebridades instantâneas?

Tenho vários amigos nessa situação. Sofrendo da crise de abstinência de "screpts". Sofrendo com o olho alheio. Experimentam a sensação de serem observadas. Existe até ferramenta para isso agora. Por via das dúvidas, é melhor remover tal serviço. Pode notar que quem te observa é muito mais estranho que vc mesmo...

O que acho no mínimo bizarro, é que algumas pessoas passaram a esconder suas mensagens, justamente para chamar mais atenção. Afinal, deixar espaço em branco é muito mais instigante do que clicar no mamute, no elefante e naquela festa que todo mundo parece ter ido. Menos eu. Graças a Deus!

Acho que as pessoas deveriam conhecer mais Andy Warhol.
Foucault e Nietzsche já chegaram às classes mais populares. Pelo menos, canso de ver isso nos perfis de Marcycleides Cristines e Jonatans Wilsons.

Eu, no momento, me orgulho de ler gibi.