Só No Truque ...

Caros leitores de orelha de livro, profundos conhecedores de duas ou três citações de Nietzsche, amantes da culinária tailandesa feita por Tia Dulce, vítimas da moda de Herchcovitch comprada em ponta, ouvintes hypes de Mr.Catra pirata, frequentadores do Coqueirão de Ramos, cultuadores do cinema gratuito... Neste espaço, quase um lounge virtual, se fala de muito um tudo. Mas amadores não entram. Gente que se leva a sério tem úlcera e mau-hálito. Força no laquê e muito truque!

9.3.07

Com a boca aberta

Então tá.
Hora de gritar um sonoro palavrão.

PUTAQUIPARIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

Um não. Dois.
Putaquipariuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu. CARAAAAAAAAAAAAALHOOOOOOOOO.

Quem me conhece, sabe muito bem que isso é muito pouco.

Mas enfim, férias. Passei a semana com o sobrinho lindo e hoje decidi dar prosseguimento aos afazeres turísticos. Acrodei as seis e meia pra pegar carona com o paulista. E não é que ele é gatinho... Mas tem um problema. Usa o mesmo Victoria's Secret que eu.

Não, não tenho saco pra metrossexual. Disputar creme com o bofe, só fodendo bem. Mas muito bem. Como isso está longe de acontecer...

Me atirei no Saara pra comprar o bicho da festa da Arca de Noé. Vou de onça. O próximo bofe que chegar aqui em casa terá diversão garantida. tem coelho, onça, índia...

Saí daquele deserto escaldante cheio de novidades que falam mais portunhol do que eu, e migrei para Laranjeiras. De lá, pego um táxi direto pro Lebrão. Eis que no caminho, decido chupar uma bala. Maldita! Quebrei a obturação do dente.

Lá vou eu que nem uma louca pra Ipanema, atrád do dentista de emergência. O endereço e o telefone deviam estar em algum HD guardado lá no fundo do cérebro. Eis que a lôra lembra da galeria que tinha uma lojinha simpática e pimba! É o prédio do consultório.

Preencho uma lista mega enorme de perguntas idiotas tais quais: "Vc tem alguma doença contagiosa? Qual? Está satisfeita com seu sorriso?" . Não, neste momento estou amaldiçoando todos os fabricantes de doces e afins e torcendo pro dentista ser um velho decrépito. Eu ali parada com aquele buracão no dente da frente. Seria muita sacanagem se o dentista fosse um gato...

Consultório - Interior - Dia

Como todo castigo pra corno é pouco... Lá vou eu.

Com aquele horrendo babador de papel grudado ao pescoço, deito desajeitadamente na cadeira do dentista, que insiste em nunca aparecer. Já estou quase dormindo, quando ouço uma voz.

- Oi Td bem?

Abro os olhos. me assusto. Ao contrário dos meus mais secretos desejos de que aquele homem fosse horrendo, me deparo com um gato de seus 1,85m, moreno, sorriso branquíssimo, no máximo 28 anos, com a mão estendida e a minha interminável fica nas mãos.

Não. Mil vzs não. Ele é o cara que vai pedir para que abra a boca e vai ver esse buracão. Jesus, me leva!

- Oi, td bem. (falo com certa cara de choro)
- Pela sua carinha, não está nada bem... (diz ele, tentando ser simpático. Pra que? Pra que?)

O doutor senta ao meu lado e pede para que eu abra a boca.
Ai que vergonha.

Me pergunta o que houve.

- Cara, tava vindo pra Ipanema e chupei uma bala, quando vi caiu a obturação. Logo agora que tava indo pagar minha viagem de féias. Que droga!

Ele lança um sorriso ensaiadinho para momentos de amplo e irrestrito desespero do paciente.

- Menos mal. Pelo menos vai viajar com o dente novo.

Quase emendei: - E vc? Tá afim de ir comigo?

Enfim, começamos a nossa luta pelo tratamento. Minha boca endureceu. Quase não abria.
Droga, comi uma empada pelo nariz antes de chegar ao dentista e nem tinha checado pra ver se restavam provas do meu crime; Merda!

O cara era um anjo. Não me machucou. Fez trabalhogenial. E enquanto aquelas mãos seguravam o motorzinho que já nem me irritafva mais, me dei conta que fantasiava com ele de sunga branca em alguma ilha de Bora Bora...

Wake up!

O moço ficou horas mexendo no tal dente. Será que ele tb gostou de mim?
Me sugeriu fazer clareamento. Emendamos um papinho corriqueiro. Eu, claro, com aquelça droga de sugador no canto da boca, pronunciando palavras incompreensíveis.

Mas ele entendia.
Foi me dando certa dor no maxilar. Pedi para fechar a boca. Ele deixou.,
Perguntei o nome dele. Gustavo. Ah sim, eu sou a carol. Ele me chamou o tempo todo de Ana por causa da ficha imbecil.

Me perguntou qual era o destino da viagem de férias. Responbdi e ele esboçou um largo sorriso. droga, de novo fiquei vermelha e cruzei o olhar e disfarcei. Bosta!

Hora de ir , então. Por mim, faria uns cinco canais, um banho de flúor e o levaria pra jantar.
Pedi um cartão parea o caso de fazer o tal clareamento e parti feliz.

Pelo menos, fiquei quase uma hora a menos de 10 centímetros de um homem de novo.

Ô vida!

17.1.07

Carta aberta ao meu pai

Pai,
Há muito não escrevo nada pra vc. Já coloquei no papel dezenas de palavras doces com certa
fragilidade. Já as ordenei em outros de maneira vil e cruel. Mas hoje, senti uma enorme vontade
de "falar" com vc. E de dizer outras palavras que não as que sejam complicadas. Palavras simples
apenas. Ao assistir uma entrevista do Bial, e ele fazendo uma breve referência ao pai, me identifiquei.
Ele falou sobre a música que lembrava a infãncia dele. Acordes africanos nunca antes ouvidos por
qualquer pessoa. Mas ele foi apresentado por aquele som quese etéreo pelo pai. Um louco alemão
que lia em voz alta Goethe no original, na sala de casa. Aos poucos, o jornalista dizia o quanto foi bacana a emancipação feminina, a generosidade de
deixar o homem sentir-se pai. E contou como o pai dele se mostrava tímido a um toque. E concluiu:
"Eu tenho pena do carinho que ele não soube me dar e do carinho que eu não soube transmitir a
ele".E por alguns instantes me peguei pensando na força dessa imagem, dessa frase. E também senti essa pena. De mim. De nós.E estas palavras aqui não são de cobrança ou de incompreensão.Hoje compreendo tanta coisa e as aceito. Mas rejeito em mim o ato de não amar incondicionalmente
e de não expôr esse sentimento.Quando me lembro da minha infância, uma das cenas mais recorrentes estyava vc. Me recordo com
saudade das tardes que passava numa cadeirinha de palha ouvindo os discos novos que vc levava
para casa. Com vc aprendi a gostar de Beatles, a querer entender a musicalidade do silêncio que
pairava entre nós. Em breves momentos, me sentia tão íntima, tão capaz de ouvir seu coração. E
ouvia o meu descompassado esperando algum minutinho para dizer eu te amo.E como nós perdemos tempo na vida. Todo dia, toda hora.Depois de tantas batalhas e quedas e tropeços, sei que faz parte de mim essas lembranças. E de
como me tornei forte o bastante para não sentir o peso da vida adulta que foi chegando tão rápido
e tão sorrateira.Quando falo de vc para os meus amigos, tenho um orgulho danado daquelas tardes. De como foram
importantes na formação do meu caráter, da minha postura diante da vida. Da minha curiosidade
pelo novo.Ao perceber e reconhecer nossas diferenças, observo que por causa delas me tornei quem eu sou. E
tenho um orgulho danado de mim.A cada vitória conquistada, penso que parte de vc está aqui comigo. E mesmo distante me sinto
confortável em imaginar que estou fazendo a coisa certa.Não brincamos muito, não trocamos muitas palavras, não sabemos muito da vida um do outro, não
temos a necessidade de estar presente aos olhos do corpo, é bem verdade, mas creio que aos olhos
da alma estamos interligados. Almas ora inquietas, estúpidas, chorosas, carentes. Almas ora
felizes, risonhas, amáveis e afetuosas.Ao radiografar meus pensamentos vejo o quanto nossa relação me fez crescer. Tenho a sensação de
que o mundo é pequeno em vista da giganteza do espírito de luta. Acho que já nasci predisposta a fazer deste mundo um lugar melhor. E conviver com vc todos
aqueles anos me deu garra para ser livre.Me lembro de um fragmento de conversa na qual vc dizia que o mundo não era aquilo que eu
esperava. Na hora, achava aquele papo de uma caretice sem tamanho. Mas agora percebo que vc
estava certo. O mundo aqui fora é diferente. Mas tratei de torná-lo divertido a meu serviço.Obrigada pai, por todas as broncas, crises, cobranças. Com medo de não atender suas expectativas, tratei de me tornar uma mulher íntegra, honesta,
competente. Para chamar sua atenção decidi não usar drogas ou me rebelar como muitos o fazem. Para te orgulhar, tratei de fazer o melhor que podia. Hoje, olho para trás e vejo naquela longa estrada começada em 1972 um bom caminho. As pedras
existiram. Mas para quem anda descalço pela vida qualquer obstáculo se torna companheiro de
jornada.Decidi te contar tudo isso. Dividir com vc a alegria de pertencer ao seu DNA. Dizer um "Eu te
amo" sincero em meio a banalização do amor e agradecer por vc estar vivo e ainda estar aí pra
sentir orgulho de mim.Eu venci! Nós vencemos!Que bom...

31.10.06

Sobre mim

Já tive aqui versos, músicas e frases que me definiram muito bem. Foram substituídos ao longo de semanas, dias, horas. Chico já me descreveu inúmeras vezes. Vinicius doou parte de uma estrofe. Drummond me conferiu leveza. Cora me mostrou como menina. Já tive fases de Moska, Marisa. Beatles embalaram uma manhã. A tarde, já os havia trocado por um bom samba de Noel. Em algumas,uma tristeza velada. Em outras, alegria estampada.Hoje, porém, decidi eu mesma falar por mim, Letra e harmonia. Dizem que sou boa nisso. E sou. Sem falsa modéstia.Apesar de não saber onde ponho as mãos ao receber elogios, tenho de controlar a vaidade típica de loucos que se acham de alguma forma geniais. Já quis pintar o sete nessa vida. Acabei fazendo uma bela aquarela. Adoro pares. Tenho problema com ímpares. Nasci num ano par. Num dia sete. Às sete da noite. Desconfio que numa outra vida - sim, eu acredito - morri muito cedo. E de tanto encher o saco de um anjo estagiário, ele me botou pra correr num breve espaço de tempo. Talvez por isso, sinta uma enorme vontade de viver cada minuto como se fosse o último. Mas nunca me chame para um vôo livre. Meu gosto por aventuras extremas é pífio. Gosto do que é palpável. Creio pra ver. Me comporto como libertina ocidental, mas, no fundo, sou uma careta de burca.Já fiz um monte de besteiras. Menos até do que deveria. Sou durona. Choro, no entanto, vendo cena de novela. Me arrepio com frequência. No olhar do outro, ao toque, à energia. Adoro estar rodeada. Sou agente polarizador. Minhas turmas mudam com frequência. Sou nômade em constante busca, Mas não volúvel. Só que eu preciso ficar só e encontrar outros pares pra me fazer rir. Não tenho meias palavras. Vão ouvir de mim muitas verdades. Mas embaladas em voz de veludo, paradas em sonoras gargalhadas. Eu tiro onda de sobrevivente. E de fato sou. Já estive no finalzinho da prancha, mas aquele mesmo anjo foi efetivado e decidiu me cobrar a chance de viver mais um pouco. Já fiz arco-íris na mangueira. rinquei de pique-bandeira. Quis ser moleque pra subir em árvore. Nunca quis casa. Casei. E gostei. Já perdi um amor para sempre, e encontrei outro na padaria. Enrolei a saia pra seduzir. Cabulei a matemática. Pintei minha cara com a desculpa de beber cerveja. Abracei uma causa. Fui hippie. Meus conselhos são ótimos. Mas para os outros. Já fui arrogante, prepotente e falsa. Levei porrada. Chorei agarrada a um travesseiro, e jurei nunca mais olhar para vários alguéns.Gosto da festa, de música bem alta. Falo palavrão pra caralho. Compro cremes que nunca vou usar. Sopas que nunca vou tomar. Roupas que jamais vou vestir. Meu coração é terra em que se pisa com cuidado. Às vezes, árido. Às vezes pantanosa. Mas quem consegue chegar nele de leve e com uma bela piada pra contar, entra e não sai mais.Minha cabeça gira feito peão. Sou envolvente. Me dá cinco minutos e te levo no bico. Em dez, vc já gostou de mim. Em 30, é meu. Mas bastam dez segundos pra me detestar. Eu faço graça. Sou carinhosa. Mas não suporto frescura. Quem se vitimiza perde a minha admiração. Não curto lutos muito longos. Morro. Passo por cima e volto sem olhar pra trás. Do meu passado, guardo francas experiências. Mas não as quero de volta. Minhas gavetas são fundas e trancadas. As chaves engoli. Soltei pipa quando quis. Trepei quando quis. Mas também quando não quis saber do mundo, virei as costas e dormi. Fiz primeira comunhão, li mão na cartomante, tomo banho de sal grosso.Pretendo viver solta pelo mundo. Não tive filhos. Mas se os tiver, serei uma mãe severa. Regra é bom e eu gosto. Nem que seja para quebrá-la.Sou um território de contrastes. Toda pessoa o é. Mas eu sou bem mais divertida...

16.9.06

Feitos um para o outro

Tarde de Harry e Sally.

E toda vez choro horrores. Choro pensando nas oportunidades perdidas, nos radicalismos sem sustentação racional. Choro porque todo mundo merece um amor impossível só pra sentir que tá vivo. Choro de inveja de Sally. Choro pq , no fundo, queria um Harry - ainda que chato e a cara do Billy Cristal - correndo atrás de mim até o Empire State. E tem essa coisa, né? De todo mundo se beijar à meia noite ... Deve ser uma alusão aos contos de fada, um boa noite cinderela sem qq efeito lisérgico. O fato é que a gente vai vendo como as relações são construidas ao longo da vida. Antes de Harry e Sally estava dando uma olhada em "Separações", do Domingos de Oliveira. Os casais de filmes pseudo-intelectuais nacionais são sempre muito descolados, livres, independentes. E moram no Leblon. Têm grana pra passar uma temporada em Paris, quando voltam estão cheios de projetos culturais e milhões de vinhos na bagagem. E são modernos, sentam-se juntos dos seus ex-pares, como uma grande família italiana. Mas uma coisa ficou na minha cabeça ecoando.
Saco, quando essa coisas ecoam é foda porque eu começo a pensar na vida com profundidade. E, sinceramente, tô evitando o máximo esse momento. Mas, enfim, pelo menos uma vez por mês amarro esse bode preto e penso nas grandes questões do mundo e da sobrevivência. Lá pelas tantas o cara diz: "É preciso ser amigo de quem vc amou muito um dia. Porque senão o mundo fica curel demais!".

Fiquei absorta, introjectando essa coisa e me pus a pensar nos homens que eu amei. Amei muito, todos eles. Embora, alguns deles nem acreditem realmente nisso. E descobri que não amei apenas aqueles de relações pré-estabelecidas. Amei cada ser do sexo oposto que passou fugazmente pela minha breve vida. de maneira louca, de maneira sofrida, de maneira divertida. Eu amei. E não foi pouco. E tenho pensado nisso. Porque amor transborda feito leite em peito de mãe iniciante. E quando vc não tem onde colocá-lo ou como eternizá-lo, propagá-lo, é muito ruim. Fica essa coisa entre o estômago e o seio esquerdo. Um nó violento na garganta e vc quer dizer, quer mostrar, quer exibir seu amor. Porque amor é um sentimento tão raro. Todo mundo quer. Ninguém sabe definir direito. Alguém já jurou saber o gosto, outro já apalpou. E amor é tão fácil sentir. Ter é mais difícil, mas não é regra. O amor tá meio aprisionado, eu acho. Falta lucidez pra amar. Falta coragem. Falta tempo. Conheço até quem pense faltar dinheiro pro amor.

Detesto essas reflexões. Porque vou ficando densa e pulo pra etapa dois, quando quero saber o propósito de tudo. Seja do fio de cabelo caído no piso do banheiro, seja entender esse movimento cíclico que é a vida e porque ela não costuma sorrir com simpatia pra geral. E vejo essas bobagens hollywoodianas querendo vender o amor eterno e alcançável, e acredito piamente que ele possa mesmo existir.

Sim, ele existe. Quantos de nós já não fez a besteira de se apaixonar perdidamente ao longo do dia? De meter pés pelas mãos? Pegar o celular na madrugada e acordar numa puta ressaca moral no outro dia só por ter discado praquele amor de ontem? São as horas em que o neurônio - a essa altura o único que existe -, é interligado à boca por apenas um microfio transparente e fraco. Então a mente não registra regras, e lá vai o tal neurônio detonando todo o seu discurso, suas idéias pré-fabricadas.

Deveria haver um meio termo. Uma forma de equilíbrio. Harry e Sally me fazem pensar nisso toda vez que os vejo na tela. Pq é um casal tão improvável que vc passa a achar que ganhar na megasena é um simples exercício de pragmatismo. Os caras levam 12 anos pra se acertar.

12!!!

Entre idas e vindas.
Destino? Paciência? Falta de Sorte?
Será mesmo que existe em algum canto do planeta uma pessoa destinada a nós?
Será que já não passou por aqui feito cometa e simplesmente se foi?

Tá vendo, tô fazendo de novo. Merda!

Lá vou eu filosofar tal qual leitor de orelha de livro. Saco!
É esse tal de amor. Reorimido aqui dentro. Louco pra sair por aí em noites de tempestade.
O chato dessa história é saber que se tem tanto a oferecer pra tão pouca gente que merece.
Tá, comentário ranzinza. Eu sei. Mas quando estou contemplativa, eu fico entre amargurada e cética. Certamente, existe alguém por aí merecedor desse transbordamento. Dessa cheia de amor que acontece em algumas estações do ano!

É a primavera chegando!

E bem que ela podia trazer um primo tb...

"O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias
O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um Mal
O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente é possível cair no abismo a qualquer momento interrompendo a sessão do circo
Pode tembém o Homem Lúcido optar pela vida
Aí então ...
Ele esgotará todas as suas possibilidadades
Ele passeará pelo seu campo aberto pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!
Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios e até mesmo às doenças
E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo com coragem e com mansidão
E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturaise em idade avançada
cercado pelos seus filhos e pelos seus netos que seguirão a sua magnífica aventura.
Pairará então sobre a memória do Homem Lúcidou ma aura de bondade
Dir-se a:-Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!
A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis
O Homem Lúcido porém
esse que optou pela vidacom o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei
Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...
Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com Os Homens Lúcidos"

*O texto é uma livre tradução, parte de um Tratado sobre a lucidez, que teria sido escrito no séc. VI a.C, na Caldéia – parte sul e mais fértil da Mesopotamia, entre os rios Eufrates e Tigre

6.9.06

Agente passivo

Oi, meu nome é "EU TE AMO",

Estou aqui esta noite pra me abrir com todos vocês.
Desde que Adão e Eva ganharam do MST um pedacinho de terra no Paraíso, meu nome é repetido em profusão.
E principalmente, em confusão.
Sou formado por três palavrinhas que, por definição, deveriam significar o estado máximo de um sentimento.
Pronunciar meu nome, antigamente, era sinônimo de coisa séria. Ninguém ousaria proferir meu nome em vão.
Mas com o tempo, eu - que já fui chamado de três palavrinhas mágicas - fui ficando gasto.
Pareço uma meretriz da Vila Mimosa.
Barato, desenxabido e utilizado a qualquer hora do dia e da noite.
Ninguém pensa em mim como rei da festa. No máximo, fui mal pago para fazer duas horas de apresentação como mágico, cantor, garçom e Conga, a mulher gorila.
Eu podia estar amando, sendo desejado, ouvido por pessoas especiais.
Mas não, caros amigos. Estrou aqui para pedir a ajuda de vocês.
Sem esse papo de contribuir com qualquer coisa de modo que eu consiga chegar até o próximo ponto.
Não.
Quero voltar a ser especial. Circular entre os grandes amores, as delicadas relações.
Poxa, qualquer um toma meu nome emprestado e sai por aí me declarando para quem nem se bem conhece.
Ah, quanta promiscuidade!
Sempre fui caretão. Nem umas paradinhas lisérgicas tomei para manter minha integridade. E o que ganheir com isso?
Entre tantas outras coisas, um adesivo com a seguinte frase "Sogra, eu te amo".
Ah! Quanta humilhação!
Desde quando um genro falaria isso daquela que irá sempre contra ele no primeiro piti da filha?
O fato é que estou aqui para pedir minha demissão. Quero meu aviso prévio.
E bota aí! Décimo terceiro e férias vencidas que um monte de gente tirou com a amante em Côte d' Azur.
Chega de andar de boca em boca, de ouvido em ouvido.
Na hora do desespero, na hora do sufoco.
Na hora do gozo sem importância.
Não, se não for pra me tratarem direito, a partir de hoje quem vai assumir é meu primo "Eu te Odeio". Porque ele sim gosta desse tipo de comportamento.
Eu não aguento mais participar de DRs infinitas, em que sempre saio da boca do arrependido. Isso não é vida!
Meu índices glicêmicos estão nas alturas. Antes, pelo menos, se fazia um cú doce danado para me me acionar.
Eu ali, louco pra sair, mas não.
Eram dias, meses, até anos, intermináveis. Preso aquele músculo pulsante e meio nojentimho, devo dizer, chamado coração. Pronto para subir até a garganta e ser expulso. O cérebro sempre foi metido a mandão, então ficava ali travando a parada. Mas agora, até o cérebro se perdeu. Não, meus amigos, não se faz mais cérebro como antigamente.
E aí, o coração, que nunca soube mandar, apenas cumpriu ordens em séculos, tá fazendo uma merda atrás da outra. E quem paga a conta?
Eu, claro!
Não páro mais em casa.
As bocas me repetem, me buscamn e eu, francamente, virei carne de segunda, arroz de festa, croquete de milho.
Aquela coisa sem gosto, mas obrigatório pra fazer volume e entreter os convidados.
Chega!
Não quero mais participar dessa orgia milenar.
Ou saibam me usar, ou me perderão para sempre.
Obrigado,
Ass: "EU TE AMO"

5.9.06

Os sete pecados capitais

Primeiro e ultra curto post de setembro.
Pq quando entrar setembro, meu bem...


Sinto inveja.
Cobiço o homem da não tão próxima.
Tenho preguiça.
Fico irada com a felicidade de bofes que se perderam de mim.
Minha maior luxúria com esses desgraçados seria amarrá- los pelados dentro do globo da morte.
Minha vaidade vai pro caralho.
E sou gulosa.
Quero comer todos eles.


Uma piadinha interna: "Sacanearás a mulher que podia ser do próximo, foi tua primeiro e se fudeu!"

18.8.06

Reticências

Há quase um ano conheci um mocinho que tranformou meus dias de luto em diuas ensolarados.
Hoje acabei relendo um depoimento que escrevi pra ele e me emocionei.
Pq veio tão de dentro e foi tão libertador...

E acordei assim com saudades de alguém que ainda não existe.
Ou que já passou rapidamente.

Ah, o coração quer se apaixonar...

Ouvi uma frase muito intrigante hoje.
Pensei, refleti, e óbvio, chorei.

"O amor não está no coração. Mas na boca., Através de palavras"

"Tenho pressa, tenho sina,
tenho sede, tenho fome, tenho gana,
tenho sol, tenho cor, tenho cheiros.
Sou de pavios, cios, navios, poeiras, beiras.
Quero ares, fogo, pares, beijos, olhares, magia, ousadia
Quero vc e tudo mais, agora, depois, jamais
Venha logo, venha devagar, venha inteiro, venha correr o risco"
Detestaria ver isso perdido entre escombros de dias ao vento, sem alento, ao relento.
Levaria meses digitando para falar de vc.
Agente transformador de riso fácil, olhos brilhantes curiosos de um mundo que está por vir...
Vc é música no fim de tarde, picolé de limão em Ipanema, poesia na madrugada.
Mesmo que já não te conhecesse, reconheceria qualquer gesto seu.
Menino com dores e amores de homem.
Homem com alegria e coragem de menino.
Criatura do mar. solar, celeste.
Não foi por acaso, não foi por sorteio, não foi aleatório, não foi coincidência.
Me lembro de vc. Um dia. Uma hora. Um segundo. Uma vida inteira" - Eu